Guru Ioga
Guru Yoga (Skt. Guruyoga ; Tib. བླ་ མའི་ རྣལ་ འབྱོར་, lamé naljor; Wyl. Bla ma’i rnal ‘byor) – a prática de fundir a mente com a mente de sabedoria do mestre. A prática consiste em visualizar o guru (quer em sua própria forma ou sob a forma de deidade), solicitando suas bênçãos, recebendo suas bênçãos e mesclando a mente com a mente da sabedoria do mestre.
O nosso mestre-raiz é o nosso canal para tudo. O nosso mestre-raiz dá-nos o medicamento dos ensinamentos e apresenta-nos ao nosso mestre interior, à nossa sabedoria inata. Precisamos de usar este canal; precisamos de usar o mestre. Esta é a forma de receber bênçãos.
Uma bênção representa uma mudança. Sem bênçãos, não é possível mudar. Mas as bênçãos não passam de boca em boca; passam de coração para coração. Este é o significado de um ensinamento caloroso. É algo que sentimos. Não basta estudar intelectualmente o budismo. Precisamos de um ensinamento do coração. Isto quer dizer que precisamos de nos ligar ao mestre. A devoção é que nos liga.
O Guru Yoga é a prática da devoção. Aprendemos a cultivar o amor e a devoção pelo nosso mestre dentro de nós. Isto abre-nos e reduz o nosso ego-orgulho. É assim que recebemos bênçãos.
Com o Guru Yoga, tudo se transforma em medicamento. Assim, ficamos em segurança. Sem o Guru Yoga, as práticas podem ajudar, mas apenas temporariamente; ou então podem mesmo transformar-se em veneno. Por este motivo dizemos que o Guru Yoga é a coluna vertebral da via Tantrayana. Sem ele, não há força nem poder na nossa prática.
O Guru Yoga é um método para sentir, não para pensar. Precisamos de sentir devoção, fé e respeito. Este sentimento muda tudo. Independentemente do que acontecer na nossa vida, temos de manter sempre este sentimento. Realmente, não é a pessoa que é nosso mestre; é este sentimento. Esta é a magia!
Algumas pessoas podem preocupar-se “Será esta uma boa pessoa? A quem devo dedicar a minha devoção?” Bem, ninguém é bom até o vermos como bom. E apenas o vemos como bom se nós mesmos formos bons. Pratique Guru Yoga e será bom. Verá as coisas mais claramente. É o ego-orgulho que cria a ilusão; por isso, temos de reduzir o ego-orgulho. Esta é a única forma de termos uma motivação correta ao praticar a espiritualidade. O Guru Yoga é uma forma de praticar a motivação e de ter a certeza de que tudo o que praticamos segue numa direção correta.
Tummo
Tummo (Tib. གཏུམ་ མོ་ , Wyl. Gtum mo ) ou chandali (Skt. Caṇḍāli ) é a prática do calor interior “, uma das Seis Yogas de Naropa e a “raiz do caminho”, de acordo com Dilgo Khyentse Rinpoche .
Tummo é o nosso fogo de sabedoria. Temos naturalmente este calor em nós, na área abaixo do chacra do umbigo, mas habitualmente não nos apercebemos dele e não o usamos. Quando desenvolvemos uma concentração adequada e começamos a trabalhar com o nosso fogo interior, conseguimos transformar-nos completamente.
Usando visualizações, técnicas de respiração e movimento, ligamo-nos ao nosso fogo interior e desenvolvemos cada vez mais este fogo. Trabalhamos com a respiração, levando-a a um nível mais elevado, o que muda o nosso sangue. Este sangue aquecido afecta por sua vez as nossas hormonas. Não é um assunto muito debatido a nível académico, mas conseguimos experimentar as profundas alterações resultantes do desenvolvimento do fogo do Tummo e da sua disseminação pelo corpo. Não se trata de simples visualizações, mas de algo tangível.
A nível físico, o fogo interior é responsável pela temperatura do nosso corpo — o calor que acompanha a digestão e o metabolismo, o calor que alimenta as reacções químicas e produz as hormonas. A nível energético, o fogo do Tummo derrete os obstáculos mais subtis existentes nos canais e provoca uma explosão de energia por todo o corpo. A nível mental, o Tummo é a fonte do amor, alegria, felicidade e felicidade-êxtase.
À medida que a chama cresce, começando abaixo do umbigo e elevando-se cada vez mais alto, penetra suavemente cada um dos chacras principais, espalhando-se a todas as ramificações e a todos os poros do corpo.
Os chacras são portas secretas que dão para o nosso ser. Abrindo-as e ligando-nos ao nosso fogo de Tummo, alcançamos grandes realizações. Desta forma, aproveitamos a nossa sabedoria interior. A partir desta grande presença, conseguimos realizar a verdadeira natureza da mente, a sabedoria fundamental e o amor e compaixão incondicionais.
Tsa Lung
A saúde do nosso corpo subtil é de extrema importância para a saúde do nosso corpo físico e felicidade da nossa mente. O corpo subtil é composto por três coisas: pelos canais (tsa) e pela energia de vento (lung) e essências (tigle) que fluem através deles. Os bloqueios nos canais provocam desequilíbrios nos sistemas do nosso corpo, uma vez que os nutrientes básicos, oxigénio e sangue não fluem devidamente. Estes bloqueios causam ainda bloqueios energéticos e mentais. A não ser que alimentemos activamente o nosso corpo subtil, todos os dias perdemos alguns canais. Felizmente, o budismo Tantrayana possui métodos poderosos para abrir os nossos canais e deixá-los desobstruídos e flexíveis.
O Tsa Lung é uma prática que trabalha intensivamente com o nosso corpo subtil. Combinando técnicas especiais de retenção da respiração com movimentos físicos e visualizações, deslocamos a energia de vento por todo o corpo, permitindo que chegue a locais profundos e que abra cada vez mais canais subtis. Quando o vento flui livremente, esta energia pode ser usada para a auto-cura ou pode ser transmitida a outros.
Esta prática física é muito dinâmica e poderosa. E a retenção da respiração coloca um desafio adicional. No entanto, é muito importante que treinemos a respiração. À medida que envelhecemos, a nossa respiração torna-se cada vez mais superficial e deixa de chegar a todas as partes do corpo. Por isso, precisamos de reaprender a respirar mais profundamente. E quando a respiração flui, a mente flui. Quando trabalhamos com a respiração, mudamos completamente os nossos pensamentos. E quando paramos a respiração, atingimos a profunda quietude da mente.
Mantra da Compaixão
ཨོཾ་མ་ཎི་པདྨེ་ཧཱུྂ༔ –
é o mantra mais conhecido no budismo tibetano, “o mantra de seis sílabas” do Buda da Compaixão, Chenrezig ou Avalokiteshvara.
Dalai Lama é a reencarnação de Avalokiteshvara, então este mantra é especialmente reverenciado por seus devotos.
Basicamente, a tradução de Om mani padme Hung é “Om Joia contida no Lótus Hung” ou “Prece para a joia contida no Lótus”.
Contudo, O significado dessas seis sílabas tibetanas podem ser interpretados de diversas maneiras.
Uma interpretação comum é a de que cada sílaba corresponde a um dos seis reinos da existência e purifica o vício associado a esse reino. Também há referência de que a recitação de cada uma das sílabas impede renascimento no correspondente reino.
- OM purifica bem-aventurança e orgulho (Reino dos Deuses)
- MA urifica ciúmes e necessidade de entretenimento (Reino dos Deuses Invejosos)
- NI purifica paixão e desejo (Reino Humano)
- PAD purifica ignorância e discriminalçai(Reino Animal)
- ME purifica avareza e mesquinharia (Reino dos Fantasmas Famintos)
- HUNG purifica agressão e ódio (Reino dos Infernos)
Em seu livro, Heart Treasure of the Enlightened Ones, Gen Rinproche fala sobre o mantra:
“O mantra Om Mani Padme Hung é tão fácil de dizer e ainda assim é imensamente poderoso, porque contém toda a essência do ensinamento do Buda:
Quando você diz a primeira sílaba, Om, você é abençoado na busca da perfeição na prática da generosidade,
Ma ajuda a aperfeiçoar a prática da ética pura, e
Ni ajuda a alcançar a perfeição na prática de tolerância e paciência.
Pad, a quarta sílaba, ajuda a alcançar a perfeição da perseverança.
ME ajudo a alcançar a perfeição na prática de concentração na sexta sílaba final.
Hung ajuda a alcançar a perfeição na prática da sabedoria.Assim, desta forma, a recitação do mantra ajuda a alcançar as seis perfeições, da generosidade à sabedoria. O caminho dessas seis perfeições é o caminho percorrido por todos os Budas dos três tempos.
O que poderia ser mais significativo do que dizer o mantra e realizar as seis perfeições? “
Phowa
Phowa (བོད་ཡིག) é a transferência da consciência no momento da morte. Aprendemos esta prática e nos treinamos para transferir nossa própria consciência para Dewatchen, a terra Pura de Amitabha, para assegurar nosso renascimento mais elevado para o benefício de todos os seres. Claro, a realização de qualquer prática nos beneficiará no momento da morte se tivermos o hábito e as condições para nos lembrarmos de nosso mestre e de nossa prática, para reconhecermos a luminosidade da consciência em quaisquer circunstâncias. A prática de Phowa é a segurança de que poderemos realizar a transferência em qualquer circunstância e em qualquer nível de prática. Podemos, também, aprender a beneficiar a outros com esta prática, no momento da morte deles.
Inerente aos ensinamentos de Phowa está o reconhecimento da impermanência. Todos sabemos da certeza de nossa morte inevitável; entretanto, procrastinamos e nem sempre reconhecemos que a impermanência pode se manifestar a qualquer momento. É esta negação da iminência da impermanência que nos pegará desprevenidos. Por isto, os ensinamentos de Phowa são incalculavelmente valiosos.
No Tibete, Phowa é ensinado e praticado por um período mínimo de três semanas e com frequencia por períodos mais longos que um mês, para assegurar sinais verdadeiros da realização em Phowa. Se sinais de realização não forem alcançados, é possível que tenha havido pouco benefício, portanto essa prática mais longa é fundamental.
Ver Chagdud Khadro, Amitabha, Amitayus, Dewachen, Terra Pura.
Powa é um método do budismo através do qual se adquire a capacidade de direcionar, de forma consciente, o próximo renascimento.
O treinamento de Powa traz sinais de realização rapidamente, sem a necessidade de anos de prática rigorosa.
Ao conquistar estes sinais, podemos então nos deparar com a morte com confiança, sem sermos impelidos pelos ventos do carma de volta aos ciclos da existência condicionada.
O treinamento inclui também uma meditação de longevidade que visa fortalecer a vitalidade e a composição dos elementos do corpo.
Chagdud Khadro treinou-se extensivamente em Powa sob a direção de Chagdud Rinpoche, e conduz este treinamento* no Khadro Ling, baseado no texto do souro oculto do mestre Rigdzin Longsal Nyingpo.
* Para participar, é necessário ter recebido ou receber iniciação de Amitabha.
Phakchok Rinpoche
Kyabgön Phakchok Rinpoche, é o filho de Tsikey Chokling Rinpoche e irmão mais velho da encarnação de Dilgo Khyentse Rinpoche. Ele foi reconhecido como a sétima reencarnação de um dos principais mestres do mosteiro de Taklung Martang, em Riwoche, no Tibete. Rinpoche completou seus estudos no Instituto Dzongsar, em Bir, e recebeu muitas transmissões de todos os grandes mestres de nosso tempo.
Ver mahamudra, Mahakala.
Mahamudra
O Mahamudra é um ensinamento sobre a prática de realizar diretamente a natureza da mente. As fontes principais desse ensinamento são as instruções meditativas de mestres mahasidas como Saraha, Tilopa e Naropa. No Budismo Vajrayana, o Mahamudra está entre os ensinamentos que condensam a essência e o ápice de todos os ensinamentos do Darma.
Buda ensinou muitos caminhos diferentes. Um desses caminhos foi o Mahamudra, a essência de todos os ensinamentos do Darma.
O Buda disse muito claramente que não é suficiente apenas ensinar ou ouvir o Darma, é necessário meditar e praticar. Esse texto é considerado um guia que contém tanto ensinamentos quanto instruções para a prática. Começa com os quatro pensamentos que transformam a mente e então ensina as quatro fundações ou preliminares. Em seguida, apresenta os diferentes tipos de meditação shamata, vipassana e finalmente o próprio Mahamudra (meditação na vacuidade essencial do darmadatu).
Ver Phakchok Rinpoche, Mahakala.
Leões da Neve
Os leões guardiões chineses, também chamados de Leões Fu (Foo), Leões de Buda. Acreditava-se que este animal tinha fortes poderes místicos de proteção, e, tradicionalmente, eram posicionados à frente de Palácios Imperiais Chineses, templos, tumbas imperiais, prédios governamentais, e das casas de oficiais do governo e homens ricos, desde a Dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) até a queda do Império em 1911.
Os Leões Fu são sempre vistos em pares, sendo que o macho brinca com uma bola e a fêmea com um filhote.
Os leões são tradicionalmente esculpidos a partir de pedras decorativas, tais como mármore e granito, ou moldados em bronze ou ferro. Por causa do alto custo de tais materiais e do trabalho necessário para esculpi-los, o uso privado de leões guardiões imperiais restringia-se tradicionalmente apenas às famílias ricas e da elite. Em fato, um símbolo tradicional da riqueza e do status social de uma família era o assentamento de leões guardiões imperiais na frente da casa da família.
Os leões sempre aparecem em pares, com a fêmea à esquerda e o macho à direita. O leão macho mantém sua pata direita sobre uma bola, que representa a “Flor da Vida”. A fêmea é, em essência, idêntica, mas tem um único filhote abaixo de sua pata esquerda, representando o ciclo da vida. Simbolicamente, a fêmea Fu, protege aqueles que moram dentro da casa, enquanto o macho protege a própria estrutura da casa. Às vezes, a fêmea está com sua boca fechada, e o macho, com sua boca aberta, simbolizando, desse modo, a enunciação da palavra sagrada “om”. Na tradição japonesa, todavia, o macho está inalando, em representação da vida, enquanto a fêmea está expirando, em representação da morte.
Lamparina
Na tradição budista, as lamparinas simbolizam a claridade de sabedoria. Oferecer lamparinas cria harmonia. O mérito gerado, enquanto traz prosperidade, longevidade, e paz para os seres, como também ajuda a evitar obstáculos, pacifica a desarmonia e cura doenças.
Quando as lamparinas são oferecidas em nome de um falecido, geram mérito para que este seja liberado do bardo da morte e tenha um breve nascimento em uma terra pura.
Em casa ou em um altar as Lamparinas são enchidas tradicionalemente com manteira ghee ou outros óleos, como óleo de côco ou de arroz. Também pode-se usar uma vela clara. Mesmo a lamparina acesa com a intensão de embelezar um local gera mérito e beneficia aos seres.
Ver Oferenda, sabedoria, mérito, liberação, terra pura.
Lama Thubten Gyatso
Lama Thubten Gyatso (Andy Johnston) é tesoureiro da Fundação Mahakaruna, organização fundada por S.E. Chagdud Rinpoche para sustentar praticantes na Ásia., Trabalhou com Rinpoche por muitos anos e, posteriormente com Jigme Rinpoche, atual presidente da Mahakaruna, arrecadando e distribuindo fundos para indivíduos e monastérios, e viajou diversas vezes ao Tibete.
Em 1996, Chagdud Rinpoche o ordenou Lama. Pintor e artista visual consumado, Lama Thubten trabalhou com Rinpoche e outros lamas em projetos de arte tibetana tradicional, enquanto produzia privadamente luminosas pinturas e obras utilizando pastel.